quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Féeeeeeeeeerias!

Pode ser por pouco tempo, mas estou de férias!!!!
E só vou me atrever a estudar em 2010. O único livro que pegarei até lá será o "Cem anos de solidão" de Gabriel García Márquez, que ganhei de presente do carioca. Também abro uma exceção para algum livro turístico sobre a Inglaterra.
Agora é só me preparar para atender a "London Calling"...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

=)

Hoje me aconteceu um dos melhores momentos da minha estada em Portugal. Foi a última aula do ano da Dra. Benedita. O prof. Berto apresentou seu paper hoje. E por uma certa inspiração no tema que ele abordou me surgiu uma luz de uma possível tese. Não sei se vou desenvolver mesmo o que comecei a pensar. Mas se der certo será muito bom porque é algo que eu me interesso e também porque tentarei ser orientado pela Dra. Benedita.
Me apaixonei hoje.
Além de ser extremamente inteligente, educada e elegante, ela foi almoçar conosco hoje. Com direito a um brinde no fim com vinho do Porto. Ainda ganhei um autógrafo no meu livro. Dra. Benedita, sou seu fã.
Agora vou estudar italiano, prova hoje...

domingo, 13 de dezembro de 2009

Inverno

Incrível a diferença entre o fim de semana passado e esse. Exatamente há uma semana atrás eu estava em Lisboa conhecendo a bela capital lusitana. Tive a sensação que Lisboa concentra tudo que você encontra em Portugal. Lá tem o Mosteiro dos Jerônimos, que é enorme e está mais restaurado que o Mosteiro de Batalha. Tem pontes e prédios modernos. Tem o Castelo de São Jorge, que é bem maior que o de Leiria. É uma cidade grande, com vida e muitos turistas, especialmente espanhóis e italianos.
Gostei muito de Lisboa. O show do The Prodigy foi magnífico. O público de Portugal é bem animado e a banda sabe comandar. O ponto alto do show pra mim foi "Smack my bitch up". A banda mandou todo mundo ficar em silêncio e abaixar. Foi aquele mar de gente se baixando e logo depois todo mundo pulou o mais alto que pôde. Foi muito fixe (como dizem os portugas).
Foi uma boa viagem. Gastei uma grana, mas comi bem. Fui com o André. Grande amigo...
Ontem, inclusive, foi o "churrasco" de despedida dele. Vai voltar pro Rio ainda pro Natal. Esse fim de semana não foi fixe. E parece que até o clima contribui. O inverno está chegando. As árvores estão perdendo as folhas. Aos poucos parece que a vida vai se escondendo em Coimbra.
Mas não importa. Essa será a última semana de aula do ano. Quinta apresento um trabalho em Romano e pronto. Só pego nos livros quando voltar da minha viagem de fim de ano. Vou pra Inglaterra... Salve a Rainha..

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Música

Cheguei hoje de Lisboa, mas contarei sobre minha viagem à capital lusitana e sobre o show do The Prodigy que assisti lá em outro dia.
Acabei de ir conhecer a Biblioteca Joanina da FDUC. Estava tendo um concerto de violino e piano. Tocaram Schubert. Estava cansado, mas fui assisti-lo.
Aquela biblioteca com livros milenares, paredes com decorações de ouro, teto com pinturas, cadeiras de palhinha, a música erudita... Me transportei para um período em que Portugal era uma grande potência mundial. Imagino como seria a Faculdade de Coimbra em seu tempo áureo. Se hoje conserva sua beleza apesar do desgaste do tempo e da falta de restauração em alguns lugares, imagine há alguns séculos atrás.
Queria ter compartilhado essa apresentação com a Vovó e a tia Dulce. Elas com certeza iriam apreciar muito.
Incrível como a música continua viva ao longo do tempo e como vai se renovando mesmo que soem melodias tão antigas...
Por falar nisso, depois conto como foi o eletrônico big beat do The Prodigy...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Decidindo a vida na sorte...

Depois de um tempo sem postar nada, vou contar um pouco dos fatos por aqui. Estou criando um hábito de tomar decisões com base na sorte. Me cansei um pouco do uso da razão para decidir por exemplo em qual cantina comer. Isso se resolve num par ou ímpar, cara ou coroa...
E talvez por sorte eu não apresentei mais uma vez na aula do Canotilho. Não ter apresentado no dia 24 de novembro era até previsível porque havia muitas pessoas na minha frente pra apresentar. Mas achei que dificilmente escaparia do dia 2 desse mês e apresentar nesse dia seria muito complicado pra mim. Explico: eu tinha comprado o ingresso pro show da banda escocesa Franz Ferdinad para o dia 2 no Campo Pequeno em Lisboa.
O show estava marcado para as 21h. Minha aula do Canotilho seria às 17:15h. Eu então teria que pedir para ser o primeiro a apresentar, sair da aula depois da minha apresentação, correr de terno e tudo para estação de comboios, chegar em Lisboa em cima da hora, isso se eu conseguisse bilhete num alfa pendular, correr no Albergue pra deixar a mochila e ir para o Campo Pequeno. Ufa. Ainda bem que não teve aula, "por motivos de força maior". Não quiseram explicar no e-mail que mandaram para a turma que o real motivo para o cancelamento da aula foi que eu tinha compromissos contratuais em Lisboa =P
E sim... O show valeu a pena. Duas bandas abriram. Uma portuguesa, The Doups, que era uma coisa meio Arctic Monkeys, legalzinha, tocava bem. A outra banda era a novaiorquina The Phenomenal Handclap Band. O nome já revela que a banda é bem diferente. Quando entraram no palco parecia que tinham trazido uma banda diretamente dos anos 70. Dois guitarristas, um deles parecido com o Leão do Magico de Oz; um baixista estiloso; um baterista que era a cara do John Bonham (Led Zeppelin); duas gajas no vocal, pandeiros, chocalhos e coreografias; e um tecladista com sintetizadores a la Ermeson Lake and Palmer. As músicas tinham muitos elementos progressivos. O vocal feminino em algumas músicas também era bem interessante.
E o show principal? Quando Franz começou a tocar o público começou a pular e eu me aproveitei disso pra ir para perto do palco. Me livrei de dois cabeçudos que estavam na minha frente. O palco era baixo, quase um Noé Mendes. E falando em Noé Mendes, meus tempos de headbanger foram essenciais para eu me defender no meio da galera. Os portugueses são malucos. Teve roda em pleno show do Franz. Pra variar derrubaram meus óculos. Mas como sou experiente nisso abri logo a multidão e os resgatei rapidamente.
O show foi muito bom. Me surpreendeu positivamente. Senti que a banda estava empolgada. Descobri inclusive que Alex Kapranos (o vocalista) é asmático, ele usou uma bombinha no meio do show. A banda ainda fez uma performance instrumental com sintetizadores e outra utilizando percussão. Me agradou bastante.
Depois do show pegamos metro para a pousada. Saindo da estação nos deparamos com uma chuvinha fina, chata. Enfrentamos a chuva até uma McDonald's pra matar a fome. Bom estar numa metrópole com metro, shows bons, restaurantes de funcionamento noturno...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Porto x Chelsea

Esses dias minha cabeça tava uma torre de babel. Fiz prova de italiano; ia fazer uma apresentação de um texto escrito em espanhol (com notas de rodapé em inglês) sobre o pensamento de um autor alemão (Robert Alexy) na aula do Canotilho; sem falar nas confusões entre o português brasileiro e o luso... Terça minha cabeça quase explode de tanta língua se confundindo...
Mas ontem, depois da aula e de discutir sobre meu paper com a Dra. Benedita, peguei um comboio pra Porto. Lá me juntei com o Yuri e André, que tinham ido antes, e fomos assistir a um jogo da CHAMPIONS LEAGUE!!
Logo na fila encontramos com um grupo de hooligans torcedores do chelsea. Bem simpáticos até. Disseram pra gente torcer pelo Chelsea porque o Alex (zagueiro reserva do time) era brasileiro...
O estádio é bem bonito. Tudo bem organizado. A arquibancada toda preparada com faixas das cores do Porto (que por sinal são os mesmos azul e branco do chelsea).
O sistema de som do estádio toca um hino do Porto, anuncia os jogadores e logo depois começa a tradicional música da champions league... Louco...
Não gostei do estilo do jogo do Porto. Muito aberto, sem o Hulk eles iam cruzar a bola pra quem naquela zaga do Chelsea. O Porto, no entanto, botou muito mais pressão. Mas tomou um gol besta. Deixaram o Malouda sozinho partir na lateral (nós estávamos bem próximos do lance) e cruzar pro Anelka, que sozinho meteu a cabeça.
Na verdade meu maior propósito no jogo era que o Chelsea tivesse um escanteio do lado que eu estava pra eu grita "Deco vai pro Corinthians" heueh. O Deco foi substituído antes disso e foi esse o momento mais impressionante da torcida. Os torcedores aplaudiram de pé o Deco. O cara é o Deus no Porto, impressionante.
Logo antes do gol do Chelsea, Ballack deu lugar ao Essien, que, ao meu ver, entrou bem na partida e participou da jogada do gol. O Hulk ainda entrou no Porto. Fez uma jogada muito bonita, mas o chute saiu fraco nas mãos do Peter Cech, que fez uma defesaça no primeiro tempo, quando estávamos bem próximos dele.
Foi um jogo bom. Mas sinceramente, torcida o Brasil tem muito melhor. Depois do gol do Chelsea, a torcida do Porto, que pouco gritou ficou mais apática ainda. Parecia que eu era o mais alterado na arquibancada heuehu. Se fosse a fiel alí, aí sim ia ser pressão...

sábado, 21 de novembro de 2009

Coimbra Cosmopolita

Coimbra não é das melhores cidades. Várias ladeiras, prédios antigos decadentes, portugueses brutos, de mal com a vida... Os shoppings da cidade (Forum e Dolce Vita) creio que são maiores que o Teresina Shopping e mais bonitos; o estádio é menor que o Albertão, mas sua estrutura é imensamente superior, abrigou já jogos importantes e vai ser palco pro show do U2 ano que vem. Mas eu não saí de Teresina pensando em morar num lugar comparável com minha cidadezinha de mais de 800 mil habitantes.
Coimbra deve ter pouco mais de 200 mil habitantes, mas metade disso é estudante. E a Universidade é a cidade. Por causa dela Coimbra é uma cidade muito cosmopolita. Eu praticamente só estudo no mestrado com brasileiros. Tirando os poucos portugueses, tem uma senhora da Moldávia que assiste aula de Direito Internacional Público comigo. Mas no geral tem gente do mundo inteiro. Indo pra aula eu cruzo com pessoas falando em inglês, espanhol, alemão, italiano e até uns turistas japoneses...
Ontem fui jogar bola. Meu time era eu, Yuri, o carioca e quatro italianos. O outro era dos africanos que estavam treinando pra algum campeonato. Moçambicanos, cabo verdenses e um senegalês. Tomamos uma taca... Os caras correm muito...
De toda essa vida cosmopolitana em Coimbra eu me dei conta de uma coisa: Se não fosse o Brasil ainda se falaria Português? Acho que já teria virado um dialeto do Español ou coisa do gênero.
A verdade é que o que Portugal soube espalhar pelo mundo foi sua pobreza. Estamos na Europa, num país de 1º mundo... As vezes não parece...
O que nós, brasileiros e africanos, temos e que português nenhum nos deu foi nossa alegria. E nos aguarde... Brasil um dia será uma grande potência. A África tem problemas bem maiores e um caminho bem mais difícil. Mas creio que aos poucos as coisas vão melhorando. Enquanto Portugal parece que vive de seu passado, de sua tradição, como num fado saudosista. Chegará o dia em que o colonizador viverá apenas do ontem, enquanto brindaremos o presente e a esperança do futuro.

"Minha pátria é minha língua"
Sorte sua meu amigo Pessoa. Mas sabe, o interessante seria ser um pouco de cada pátria e cada língua...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Há muito tempo eu não posto nada aqui. Nem sei por onde começar...
Vamos então pro fim de semana passado. O mais caseiro de todos os tempos. Aqui começou a chover no sábado a noite só foi parar segunda a noite.
Eu tinha que terminar o paper da Benedita. O prazo máximo para enviar o arquivo por e-mail para a professora e toda a turma era domingo. E cada vez mais parecia que eu estava mais longe de terminar. A cada leitura eu tinha uma ideia nova. Meu tema mudou, o rumo do trabalho também e o prazo não foi cumprido. Domingo a noite a Dra. Benedita me manda um e-mail perguntando se tinha havido algum problema pois ela não tinha recebido o trabalho. Só na segunda pela manhã eu respondi o e-mail com o arquivo em anexo. Incrível como depois de horas na frente do notebook o raciocínio fica lento, e fazer até um sumário ou bibliografia fica difícil...
Quarta-feira eu inaugurei meu terno em Coimbra. Antes disso ele não tinha saído do armário. Fui cedo para aula porque eu havia solicitado a utilização do datashow para apresentar o paper e teria que pegar a chave na administração.
Fui o segundo a apresentar. "A crise na democracia representativa: a participação política como alternativa." Gaguejei um pouco, dei uma enrolada, mas correu tudo nos conformes. Terminei a apresentação com uma poesia que tinha na nossa sala do 3º ano no IDB: "O analfabeto político" de Berthold Brecht. Me lembrei muito desse texto quando eu tava fazendo a conclusão do trabalho. O que eu mais gostei na verdade foi de ter respondido uma portuguesa que assiste aula com a gente. Eu tava com a faca nos dentes pra responder qualquer pergunta estúpida da promotora otária, mas ela se calou.
Terça que vem eu farei o possível para apresentar na aula do Canotilho. Peguei o próximo texto, mas não sei se vai dar tempo eu apresentar porque na aula passada nem a metade das pessoas expuseram seus temas. Se eu não apresentar no dia 25 vai sobrar pro dia 2, dia do show do Franz Ferdinand em Lisboa e eu já comprei o ingresso. Não quero vacilar...
Hoje eu estou inaugurando meus óculos novos. Bem parecidos com os antigos, que quebraram a perna. E vou inaugurar logo com um futebolzinho meia noite num friozinho tranquilo. Farei meu gol... de cabeça =P

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Matemática Portuguesa

Acabei de comer uma pizza com o carioca numa pizzaria aqui perto de casa. Olhando o cardápio eu tomei um certo espanto com a lógica dos valores de refrigerante. Um copo de 30 centilitros (aqui eles nao usam mL e nesse ponto eles são espertos) custava 0,75€; um de 40 cL custava 1,25€ (10 cL carinho heim); e o copo de 50 cL (meio litro) custava 1,50€. Ou seja, compensa bem mais comprar dois copos de 30 cL. Vejamos: 10 cL de um copo de 30 cL valem 0,25€; 10 cL de um copo de 40 cL valem 0,31 € (aproximadamente); e 10 cL de um copo de 50 cL valem 0,30 €.
Por isso vai a dica: bebam água =P
E eu vou cuidar aqui...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Crise existencial de um piauiense

Não pensem que estou surtando... Apenas tive uma crise existencial esse fim de semana quando comprei um aquecedor. Imagine, um piauiense comprando um aquecedor...
Foi tão chocante pra mim que meu aquecedor veio com defeito. Fui trocar ontem por outro e já testei. Sabe... um quarto mais quente não é nada mau... Vamos nos preparar pro inverno que vai chegar logo...
E vai fazer essa porra desse paper Arthur

Curtas do Canotas

Contarei algumas do Canotilho hoje na aula, verei se coleto mais histórias dele desse tipo ao longo do curso.
Toda aula uma bedel vai na sala pegar assinatura do professor confirmando sua presença. Hoje a bedel entou toda desconfiada e foi até a mesa do Canotilho colher sua assinatura. Ele, enquanto assinava, disse: Parece que alguém da aula anterior esqueceu de apagar o quadro. E ela mais que rapidamente: pois não... e correu para apagar o quadro como uma serviçal. Detalhe é que dificilmente ele usa o quadro na aula, como não o usou hoje, mas foi uma boa demonstração de autoridade do figura.
Após esse episódio, entraram na sala algumas pessoas atrasadas. Quando já se passava 10 minutos mais ou menos do início da aula duas pessoas entraram desconfiadas. E ele: Eu só queria avisar que aqui é a Europa e aqui tem que se cumprir horários, nesse aspecto eu sou Bretão.
Hoje, por sinal, o prof. Berto foi um dos que expuseram a leitura de texto. Toda aula o Canotilho distribui textos entre dois ou três alunos, normalmente, para que estes exponham o conteúdo de tais textos e, após, a turma discute a temática. Depois, os alunos que se apresentaram usam o texto lido como base para fazerem seus papers.
Bem... mas antes do Canotilho irei enfrentar sua grande discípula na Faculdade, a Dra. Benedita. Próxima semana (pá semana, como dizem) apresentarei meu paper e tomara que eu consiga terminá-lo bem até o fim desta...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Aniversário!

Uma das primeiras coisas que nos ensinam, antes mesmo de termos consciência do que estamos fazendo, é a bater palmas e apagar velas para comemorar nosso aniversário. E assim, ano após ano, passamos por esse ritual junto dos nossos familiares e amigos.
Todo mundo sabe que eu gosto de festa e que se eu pudesse comemorava meu aniversário todo ano com uma boa farra na Socopo.
Ontem, foi meu vigésimo quarto aniversário. E pela primeira vez eu completei um ano de vida longe da minha terra. A saudade poderia ser um entrave para a comemoração desse momento que para mim é de felicidade, mas, apesar da distância, ontem foi um dia maravilhoso.
Logo na virada pro dia 4 eu pude falar com meus pais e a Denise pela internet. Salve a webcam, salve o msn... Foi um momento compartilhado digitalmente com eles em Teresina e eu e meus irmãos coimbrãos aqui.
Durante a manhã, a rotina de aulas e apresentações de papers, mas à noite, depois da minha aula de italiano o pessoal preparou uma surpresa. Quando eu voltava no caminho de casa me deparei com os brasileiros mais legais de Coimbra com refrigerantes, vinhos e um bolo, que não era o da tia Dulce, mas era um muito gostoso da pastelaria Vasco da Gama. (Foto aqui)
Um grande prazer ter essas pessoas aqui em Coimbra e ter podido comemorar mais um ano de vida com elas. Sou muito grato.
E vamos seguindo nosso destino...

"Existirmos: a que será que se destina?"

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Sonhos

"...O que é um sonho ruim,
e o que é um sonho bom.
Que diferença? a vida é igual..." (Os Pássaros - Rodrigo Amarante)

Quando eu era mais novo eu não gostava muito de sonhar. Vez por outra eu tinha um "sonho ruim" e perdia meu sono. Eu pedia para não sonhar então...
Hoje eu vivo o que pra muitos é um sonho. Estar na Europa, estudar numa Faculdade conceituada, viajar, conhecer pessoas...

"...Coimbra é uma lição
De sonho e tradição
O lente é uma canção
E a lua a faculdade
O livro é uma mulher
Só passa quem souber
E aprende-se a dizer saudade." (Coimbra - José Galhardo/Raul Ferrão)

E por saudade eu passei a gostar de sonhar. É quando me encontro com quem aqui não está.

"Eu aflito e só,
Confuso e sem você por aqui.
Assim eu sonhei
Mas isso eu não quis.
Que diferença? o dia se fez
Assim." (Os Pássaros)

Eu não estou só, se o sonho é igual à vida, viverei um pouco desse sonho, como se todos estivessem aqui no meu lar da Antero de Quental. E vamos enfrentando juntos em sonho essa nova realidade, sem saber o que nos aguarda.

"I know, nobody knows
Where it comes and where it goes
I know it's everybody's sin
You got to lose to know how to win
...
Sing with me
Sing for the year
Sing for the laughter n' sing for the tear
Sing with me
If it's just for today
Maybe tomorrow the good lord will take you away

Dream on
Dream until your dream comes true" (Dream On - Aerosmith)

Então... chegou a hora de sonhar...

"...Quem bate aí?
Se é pra eu te ver então deixa eu dormir." (Os Pássaros)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Festa das Latas

A Festa das Latas (http://www.academica.pt/Default6.aspx?tabId=1945) é uma das maiores festas dos estudantes de Coimbra. Só perde pra Queima das Fitas que é em maio. Acontecem vários eventos para integrar os calouros (caloiros, como dizem), que têm um padrinho ou madrinha veterano. Hoje vai ser o último dia de shows e ontem, como eu disse no post anterior aconteceu o cortejo, que é a verdadeira calourada. Por conta do cortejo, inclusive, o reitor leberou as aulas da tarde de ontem. A cidade aqui para para acompanhar o movimento. O trânsito é alterado e até os ônibus mudam o itinerário. Os alunos vão para as ruas. Os calouros fantasiam-se das coisas mais engraçadas, amarram latas nos pés e saem com penicos na mão pedindo dinheiro, enquanto, os pais, orgulhosos, tiram fotos deles nessa situação constrangedora. Os vetaranos, vestidos com seu traje acadêmico (Harry Potter), comandam o ritual, que é regado a muita bebida. Eles se concentram próximo a praça D. Diniz, entre as faculdades, e descem a rua dos arcos em direção a praça da República, depois vão até a baixa onde vão se banhar na fonte que fica próxima a Câmara Municipal, é o batismo. Interessante também é como conseguem tantos carros de supermercado, onde levam as bebidas, ou brincam de Jackass, jogando um calouro dentro do carrinho ladeira abaixo. Os carrinhos não são muito resistentes, perguntem ao Emanuel o porquê. Depois de passar esse mundo de estudantes, fazendo essa algazarra, as ruas todas estão um lixo. É garrafa quebrada, sujeira, jaulim dos caloiros... Mas em volta de todo o evento tem um mega aparato. Tem ambulância pra levar os que exageraram na bebida e tem uns carrinhos de limpeza bem eficientes que varrem a cidade toda. Depois do cortejo, o pessoal vai pros shows que acontecem do outro lado do rio Mondego. São montadas duas tendas enormes. Numa tem um palco bem grande onde as bandas tocam e na outra tem música eletrônica. Incrível o gosto pra música ruim dessa galera. Ou então eu fui no dia das piores bandas porque era uma coisa meio sertanejo piorado com letras ridículas. A gente até queria esperar pra ver a Orxestra Pitagórica, mas o cansaço não deixou, afinal depois teríamos que atravessar a ponte e subir toda a ladeira pra chegar em casa.
Hoje de manhã começaram as apresentações dos papers de Instituições do Poder Político. Um verdadeiro terrorismo. Ao contrário dos de Direito Internacional, que o professor é tranquilo, nesse a Dra. Benedita faz críticas mesmo, diz tudo que ela achou ruim do trabalho. Mas isso, é até bom, porque o aluno corrige o que errou num trabalho seguinte. O terrível mesmo foram os "colegas" de turma. O pessoal aparentemente queria ferrar com quem estava apresentando. Muita gente metida...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Ufa!

Primeiro paper entregue e apresentado! Ufa!! Demorei um pouco pra postar aqui por conta disso. E porque a internet aqui fica falhando com muita frenquência. É um problema que estamos tentando resolver.
Está a acontecer aqui a Festa das Latadas. Algo como as boas vindas aos calouros. Lembrando que os períodos aqui se iniciam no meio do ano, na mesma época que se iniciou o meu mestrado também...
Durante esses dias está tendo alguns shows nessa festa. Eu não fui ver o local porque no dia que os meninos foram eu fiquei encaveirado com o Direito Internacional, mas eles disseram que é uma coisa estilo Piauí Pop...
Hoje vai ter o cortejo na faculdade com todos os alunos. Deve ser interessante. Veremos como será...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Um mês

Um mês em Portugal...
E eu nem sei dizer se parece muito ou pouco tempo.
Durante esse mês uma música ficou na minha cabeça, porque os acordes iniciais dela pareciam com um toque do celular do Yuri. A música: Hey that's no way to say goodbye, de Leonard Cohen.

"(...)But now it's come to distances
And both of us must try,
Your eyes are soft with sorrow,
Hey, that's no way to say goodbye.
(...)
Our steps will always rhyme,
You know my love goes with you
As your love stays with me,
It's just the way it changes
Like the shoreline and the sea..."

Viagem sacro-medieval

Deixei de lado o Direito Internacional pra fazer uma viagem lusitana por Castelos e Mosteiros nesse fim de semana. Alugamos dois carros e sábado de manhã saímos rumo a terra do Marquês mais famoso de Portugal. No meu carro estava Yuri no volante, Emanuel de co-piloto, Sarah (paraibana) e Alice (gaúcha) atrás; O outro carro contava com André (o caioca) guiando, Berto (o boliviano) e as piauienses Isabella, Nayd e Moema.
Chegando em Pombal visitamos as ruínas de um Castelo do séc. XII. Bem interessante, achamos, mas era apenas o início. Próxima parada: Mosteiro de Batalha (Convento de Santa Maria da Vitória), construído a mando de D. João I em agradecimento à vitória na Batalha de Aljubarrota contra os castelhanos, no séc. XIV. O Mosteiro demorou quase dois séculos pra ser construído e é simplesmente incrível. É enorme, deve caber a população de Batalha todinha lá dentro (tudo bem que a população da cidade não é muito elevada, mas o lugar é grande mesmo). A arquitetura do Mosteiro é muito bonita, cheia de detalhes...
Depois do almoço, fomos a Alcobaça conhecer mais um Mosteiro. O de Alcobaça começou a ser construído no séc. XII, talvez por isso não seja tão rico em detalhes como o de Batalha. Mas é também belo e abriga os sarcófagos de D. Inês de Castro e D. Pedo I (de Portugal, não o I do Brasil). Lembrei das aulas de literatura, quando a gente leu o relato de Fernão Lopes sobre o episódio da Rainha póstuma.
Chegando a noite fomos para Leiria, onde iríamos dormir. Ninguém tinha pesquisado nada sobre a cidade, achávamos que não tinha nada pra se ver lá. Ledo engano. A cidade era muito bonita, bem arrumadinha e da janela do albergue a gente podia ver um Castelo iluminado muito mais bonito que o de Pombal. Descobrimos também que a cidade ambientou uma das mais famosas obras da literatura portuguesa: "O crime do padre Amaro". Agora uma coisa eu constatei: apesar da cidade ser bem bonita, as pessoas de lá são bem feias. Amélia, a personagem do livro de Eça, devia ser a única mulher bonita da cidade na época pro padre Amaro ter querido algo. O recepcionista da Pousada da Juventude parece muito um outro personagem de literatura/cinema: o Drácula.
No domingo iríamos continuar nossa viagem com destino a Tomar. Antes do pequeno almoço (café-da-manhã), um companheiro de quarto acordou com o barulho que a gente fez quando nos levantávamos. Era um barbudo estilo Osama. Foi tomar banho e quando voltou, na nossa frente, largou a toalha, vestiu uma calça (sem cueca, segundo o Berto) e perguntou de onde a gente era, com um sotaque diferente. Ele disse que era de Coruña, na Espanha, mas que não se considerava espanhol. "Nós temos três grupos terroristas". O visual denunciava. O barbudo era um pintor terrorista separatista. "Me cago em españa". Nesse momento o Berto já tinha saído do quarto, deixando só eu e o Yuri com o terrorista, que vestiu uma camiseta (numa manhã de 9ºC), pegou umas pinturas e deu tchau. Quando ele ia saindo eu caí na besteira de desejar boa sorte. Ele voltou. "Não acredito na 'suerte', não acredito em 'Diós'". E passou a explicar sua concepção de vida. "Me cago en la suerte, me cago en Diós"...
Depois de conhecer o terrorista fomos visitar o Castelo de Leiria, do séc. XII, mas com algumas características também de séculos posteriores. Na torre do Castelo funciona um pequeno museu, com ferramentas de guerra dos bélicos portugueses. Do alto da torre é possível ver o estádio de Leiria. Do alto parece ser feito de lego. Muito legal.
Seguimos para Tomar, onde visitamos o Convento de Cristo, que pertenceu à Ordem dos Cavaleiros Templários. Incrível!!! No núcleo do Mosteiro fica a Charola, a cabeceira da Igreja. É muuuito bonito. Sem noção. O convento é todo rico em detalhes, esculturas, cruz de malta em todo lugar e muitos quartos. Devia morar uma galera ali. O Castelo dos Templários fica ao lado, mas não é permitida a visitação.
Hora do almoço. Todo mundo com fome, devorando batata-frita e ninguém sabia um lugar bom e barato em Tomar pra comer (talvez só se beba lá =P). Achamos um lugar que pareceu bom, no sistema pão + sopa + prato + refrigerante + sobremesa = €6,50. Eu comi um porquinho, mas a maioria quis comer um "peixe", segundo a atendente. Pediram um "choco", sem saber do que se tratava. O "choco" era na verdade um cefalópode. Ou seja, o pessoal ficou mesmo na sopa com pão e batata-frita. Sorte minha ter comido o porco de sempre (aqui praticamente só se come porco).
Depois do almoço fomos para Fátima, que ficava do lado de Tomar. Uma multidão. A Igreja é totalmente diferente de todas as outras antigas que visitamos antes, mas também muito bonita. Estava tendo a Procissão do Santíssimo quando estávamos lá. E muita gente indo de joelhos em direção à Igreja. Não concordo com esse martírio e auto-flagelação, mas não discuto fé. Deram um livreto com a história de Fátima. No livreto, atribuem essa frase à mãe de Jesus: "Tereis muito de sofrer, mas a graça de Deus ajudar-vos-á e Eu dar-vos-ei a força necessária". No ano de 1917, quando ocorreu a aparição, em um período que a Europa passava pela I Grande Guerra, é compreensível que seja atribuída à Santa essa frase, só não acho que isso queira dizer que é sofrendo que se encontra a salvação. Outra frase curiosa que atribuem à Fátima: “a Rússia converter-se-á e haverá Paz; senão, a Rússia espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo novas guerras e perseguição à Igreja (…) O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que converterá, e será dado ao mundo algum tempo de Paz”. Parace bem político isso, não?
Deixando de lado a polêmica, achei bom estar em Fátima, porque sei que era vontade de minha mãe e para ela rezei uma Ave-Maria, porque sei que isso a faz feliz. Agora espero que depois dessa viagem eu tenha uma inspiração real e divina pra fazer um bom paper de internacional público.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Escher vs. Brasil

Ontem eu estava bem feliz. Depois de um bom tempo procurando uma decisão de um Tribunal Internacional pra fazer um paper, eu finalmente tinha achado uma ideal. O caso era Escher vs. Brasil, no qual nosso querido país foi condenado pela violação de direitos humanos relativos a intimidade e liberdade de associação devido uma escuta telefônica ilegal e divulgação do material após uma edição tendenciosa na imprensa. Não vou explicar o caso, mas quem se interessar, acessa aqui: http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_199_por.pdf
O caso era ótimo, porque é bem recente, sobre uma matéria que está sendo muito discutida no Brasil, que pode ser muito útil pro meu estudo em Direito Constitucional (área do meu mestrado), e ainda por cima tem toda a decisão disponível em português. Eu já tinha achado um bom material falando sobre a condenação do Brasil, já tinha até esquematizado o trabalho.
Bem... Estava hoje na Faculdade pegando um livro quando vi uma colega da matéria de Direito Internacional Público devolvendo um. Olhei rapidamente e vi o título: Interceptações Telefônicas. Ops... -Ei, qual é o caso você vai apresentar? A resposta: Escher vs. Brasil. Ela ia apresentar o mesmo caso que eu estava pesquisando, só que uma semana antes de mim. E pior, ela disse que outra menina que vai apresentar no mesmo dia que ela pegou o mesmo caso, só que essa outra vai abordar mais a liberdade de associação.
Resultado: vou ter que procurar outra decisão se eu não quiser fazer um repeteco. Isso é que dá assistir aula de mestrado em Coimbra numa turma que praticamente só tem brasileiro.
O mais chato é que como eu já tinha agilizado algo desse trabalho, tinha combinado de viajar com o pessoal amanhã pra conhecer umas cidades com castelos medievais. Hoje a noite eu tenho que achar um belo caso se eu ainda quiser me aventurar nesse fim de semana.

domingo, 11 de outubro de 2009

Coragem

Nada de viagens... Ficamos o fim de semana todo em Coimbra. A ideia é criar coragem pra estudar.
Tá difícil, mas vamos lá Canotilho...

sábado, 10 de outubro de 2009

Timãaaaaao

Três notebooks, duas tvs e quatro brasileiros fanáticos por futebol tentando assistir os jogos do campeonato brasileiro e ao mesmo tempo acompanhando a seleção portuguesa na tv.
Yuri e Berto acompanhando FlaxSão Paulo, o André acompanhando o VascoxPonte...
Pausa! Goooooooooolllll Liedshoooow o Levizinho faz pra Portugal! Portugal 2x0 Hungria.
Continuando... E eu acompanhando a primeira vitória do Corinthians desde que saí do Brasil!
Os jogos do Brasil acabaram há pouco, o de Portugal já tá no fim.
Nesse momento estamos resolvendo se vamos viajar amanhã pra Tomar, cidade com castelos e onde cavaleiros templários viveram, ou faremos outra coisa.
E o estudo? É... boa pergunta... Mas vamos agilizar isso também...
Goolll Portugal faz mais um...o jogo vai acabar...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ave ouro Aveiro!

Depois de um tempo sem postar nada por problemas na internet ou questões acadêmicas vou contar um pouco da viagem para Aveiro do último sábado. A pedidos, eu liberei os comentários...
Foi mais uma viagem de alfa pendular. Definitivamente não era a melhor opção por conta do preço, mas quando a gente foi comprar passagem no comboio intercidades não tinha mais vaga. Lá se foram uns euros a mais...Chegando em Aveiro compramos logo o bilhete de volta, três vezes mais barato, no bom intercidades.
Aveiro é uma cidade muito simpática. A prefeitura disponibiliza bicicletas de graça, que chamam de Buga, pra quem quiser andar pela cidade. Assim, como uma gangue, saíram uns 15 brasileiros andando de bicicleta, acompanhando os canais (a cidade é uma Veneza Portuguesa) em um turismo bem cristão.
Um doce famoso da região é o chamado "ovos moles". Experimentamos logo na primeira padaria que vimos. Já comi coisas melhores, valeu a experiência...
Visitamos o Museu de Aveiro (http://www.imc-ip.pt/pt-PT/museus_palacios/ContentDetail.aspx?id=1103), onde antes funcionava um convento. Era arte sacra de todos jeito. Pintura, escultura e ouro... Tinha uma capela lá com as paredes, teto, tudo de ouro e uns azulejos lusitanos...
Ainda visitamos uma Igreja bem antiga, com muito ouro e ostentação também. Uma Sra. que sentada logo na entrada da Igreja tirava as dúvidas dos curiosos turistas disse que no século XVIII havia tanto ouro que não se sabia onde pôr, foram parar nas paredes... Se me permitem, mais um momento Pessoa neste Blog. Desta vez, com uma paródia pitagórica:

Ó paredes d'ouro, quanto do teu metal
Foi roubado por Portugal!
Da colônia Brasil, quanto ouro levaram,
Quantos índios em vão mataram,
Quantos negros tiveram de escravizar
Para que pudesse o luso rezar!

Depois do turismo sacro, que espero um dia fazer com meus pais, navegamos pelos canais de Aveiro numa espécie de gôndola, que em outros tempos era usada pra transportar sal, tomando uma taça de espumante português, porém, dessa vez, dispensamos os "ovos moles" ofertados.
Visitamos ainda o Jardim Dom Pedro V, que foi nosso D. Pedro I. Boa opção pra fazer cooper ao redor de um lago. Por fim, um jantar no Shopping Forum, num restaurante que oferecia "comida brasileira". Eu, Yuri e André comemos uma boa picanha com ovo (frito)...

Portugal dos pequeninos

Evidentemente muitas coisas em Portugal são bem diferentes, apesar de falarmos o mesmo idioma, com sotaque e expressões diversas, é claro... E como ainda não conheci outros países da Europa é mais fácil enxergar o que é díspar aqui.
Mas é possível perceber muita coisa que une Portugal a sua antiga colônia. Herdamos não só o idioma e o sangue, alguns aspectos, bons ou ruins, são comuns a brasileiros e lusitanos.
A burocracia é bem semelhante, as vezes é até mais exagerada nessas terras.
Em alguns momentos tenho a sensação que minhas raízes realmente são daqui. Olhando para os portuguêses eu descubro o porquê dessa minha altura privilegiada, por exemplo. Aqui a média da estatura das pessoas não é muito elevada. Até os brasileiros que aqui conheci, o carioca André e o candango Márcio são baixinhos. Inclusive, a Xuxa faz sucesso aqui, vi uma galera vestida de Harry Potter (os alunos da UC usam trajes semelhantes aos de Hogwarts) cantando uma música dela, o que não é nenhum orgulho, para brasileiros ou lusitanos.
Quando eu fui pra Figueira da Foz comi uma sobremesa gostosíssima que, segundo entendi, tem o nome aqui de serradura (serragem, aquele pó de madeira serrada). Nada mais era do que o creme que a tia Dulce faz com bolacha Maria raspada. Falando na tia Dulce, na casa dela tem uma foto bem antiga da família reunida tocando, cada um com um instrumento, lembrando as tunas que tem por aqui...
Os móveis aqui lembram muito também os móveis da casa da minha bisavó. É muito comum existirem móveis bem antigos nas casas, afinal as cidades aqui são antigas e em outros tempos os móveis eram feitos pra durar...
Se aqui eu encontrei algumas coisas que eu me identifiquei, minhas raízes, em Aveiro eu encontrei o que Portugal trouxe do Brasil. Logo mais conto...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

European research carrers

Quando eu e o Yuri fomos fazer nossa carteirinha de mobilidade, constando que a gente faz Mestrado na FDUC, nos convidaram pra um evento na Universidade celebrando o dia do investigador da UC em mobilidade. Eu nem dei muita bola, mas quando hoje a Daniela e o Emanuel chamaram pra ir pra uma reunião com os investigadores da faculdade eu resolvi ir.
Eu não fazia ideia que ia ser um negócio tão requintado. A reunião era num salão enorme, com lustres grandes, lembrando muito as salas do museu imperial de Petrópolis. Uma mesa compridíssima de reunião de chefes de Estado. Um microfone a cada duas cadeiras. Na ponta da mesa três mulheres presidindo a reunião: Filomena Marques de Carvalho, Audrey Winum e Ana Margarida Santos; na outra ponta Emanuel, uma mulher com um macbook e o Yuri.
Os temas: The mobility centre of the University of Coimbra - Where we stand and where we want to go; Euraxess: The European network of supporting services for researchers in motion; The Marie Curie actions. Exatamente, todas as discussões eram em inglês. Ou seja, eu estava numa sala estilosíssima, sentado numa mesa de conferência de chefe de Estado, discutindo sobre a mobilidade de pesquisadores europeus dentre outros países da europa e de pesquisadores de outras nações na europa, ouvindo tudo em inglês. "Europe needs research and research needs Europe", estava escrito no guia. Ainda ofereceram um coffee break e a marca da água mineral servida era penacova... Muito digno...

23:59:26

Esse era o horário indicado no cartaz para começar a apresentação da "Orxestra Pitagórica", uma das bandas mais irreverentes que eu já vi tocando. Os vários integrantes da banda estavam vestidos de árabes, alguns apenas com um pano cobrindo suas partes e um turbante na cabeça em plena escada monumental, numa noite fria (para um bom piauiense).
A banda ficou no "pé" da escadaria e a platéia preenchia cada degrau da escada de uma ponta a outra. Havia um tocando trombone, outro sax, outro bateria, outro baixo, outro guitarra, outro placas de trânsito, um maestro regendo a "orxestra", sendo a partitura alguma revista pornográfica e alguns figurantes carregando hastes com algum cartaz ou algo do tipo.
Os acordes da guitarra anunciaram, depois veio o trombone...Eles iniciaram o show com Stg. Peppers Lonely Hearts Club Band, uma paródia na verdade, em português... A música anunciou o que estaria por vir. Versões de músicas famosas em paródias bem engraçadas ironizando políticos ou simplesmente sendo cômicas. Além de Beatles, White Stripes, The Offspring e até Los Hermanos de Ana Júlia, entre outras bandas, ganharam versões.
Coimbra dias de terça e quinta é uma cidade de não quer dormir e eu que nem ia sair de casa ontem adorei ter visto esse movimento. Conseguiu superar a noite de terça que a gente foi pra praça Dom Diniz e assistiu a uma apresentação da Tuna de Medicina, com todos aqueles alunos vestidos de Harry Potter tocando vários instrumentos, de bandolim a violinos, violões, flautas, com letras enaltecendo a Universidade de Coimbra...

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Professor? Não, Doutor!

Ontem foi meu primeiro dia de aula na FDUC. A primeira necessidade que eu senti foi o do conhecimento de outra língua. Todos os professores perguntam quais línguas dominamos e dizem que as fontes indicadas nos trabalhos não devem ser somente em português, muito menos só fontes brasileiras.
O professor de Direito Internacional Público parece ser legal. Essa aula foi na sala de Mestrados. Na sala, uma mesa grande na qual o professor senta na ponta, com os alunos ao redor. Encostadas nas paredes algumas estantes com livros das Ordenações e afins.
A aula seguinte foi a do famoso Dr. José Joaquim Gomes Canotilho. Quase um David Gilmour mais magro e mais velho, mas pareceu bem inteiro. Escutá-lo é um pouco mais difícil porque ele fala baixo e com um sotaque mais carregado, mas dá pra entender. A aula é concorridísima, mas só por brasileiros. Uns 30, contando os ouvintes, na sala, que era maior, um anfiteatro. Ele foi logo querendo mostrar que a gente tá aqui pra estudar. E disse que devia ter uma relação de respeito entre os alunos com ele, que não deve ser chamado de professor. Professor só existem três segundo Canotilho: o professor do primário, o mais importante, o professor da faculdade de medicina e o professor da faculdade de direito de Lisboa. Ele deve ser chamado de Doutor, porque assim são chamados os professores da Faculdade de Direito de Coimbra. Mas, ele foi até simpático e disse que no fim do ano vai convidar os alunos sábios e competentes pra jantar na casa dele.
Hoje teve aula da Dra. Maria Benetida Urbano. Ela é adota um visual Vampira do X-Men, com uma mecha branca no cabelo e o restante preto. Vou perguntar depois se ela torce pro Corinthians. Ela disse logo que a gente tem que se virar com fontes de autores de outros países. Saí da aula pra me matricular num curso de italiano na Faculdade de Letras... Quase não me matriculo. Segundas e quartas a noite italianando... Será que eu aguento?

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Blowin' In The Wind

Ontem eu acordei com uma missão: comprar meu notebook. Depois de alguns dias andando por toda a cidade, eu acabei decidindo ir para o shopping Forum, pesquisar e sair de lá com o notebook nas mãos definitivamente. O trajeto de ida é tranquilo. Só descida. Desce até a praça da República, segue em frente na Av. Sá da Bandeira, passa pelo Mercado, pela Câmara vai seguindo pelas ruas do centro comercial em direção ao Largo da Portagem. Essa parte da cidade lembra um pouco o centrão de São Paulo, tirando umas ruelas da época romana que são bem peculiares. Chegando ao Largo da Portagem estamos à beira do Rio Mondego, uma bela paisagem. Lá pegamos o ônibus (autocarro) que nos leva ao outro lado da cidade, até o shopping Forum.
Depois de horas de pesquisa de preços e comparações de marcas, placas, processadores e coisas do gênero saí do Forum com meu note. A volta seria mais complicada. Além de carregar uma mochila nas costas e uma caixa com o notebook nas mãos (não cabia a caixa na mochila), o caminho inverso é de subida. Peguei o mesmo autocarro 38, até Largo da Portagem pra iniciar minha escalada.
Quando eu passava pela Rua Visc. da Luz vi um senhor tocando um violão e uma gaita ao mesmo tempo. Logo reconheci os acordes de Blowin' In The Wind. Continuei andando lembrando da letra de Bob Dylan:
"How many roads must a man walk down
Before you call him a man?
Yes, 'n' how many seas must a white dove sail
Before she sleeps in the sand?
Yes, 'n' how many times must the cannon balls fly~
Before they're forever banned?"
...
Bob já sabia: "The answer, my friend, is blowin' in the wind,The answer is blowin' in the wind."
Aquilo me tocou. Música sempre emociona.
Continuei meu caminho, com a primeira missão cumprida, mas com uma questão: como seria o dia seguinte de início das aulas na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Ou os próximos dias no velho continente. A resposta, meu amigo..."is blowin' in the wind."

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

12:59h

Cheguei em casa (talvez depois eu conte como foi a epopéia de encontrar um lar em Coimbra) e descobri que a programação do sábado era ir pra Figueira da Foz, praia mais próxima de Coimbra. Ninguém sabia na verdade qual era a melhor forma de se ir pra lá, pensou-se em alugar carro, em ir de ônibus, até se descobrir que a passagem de trem era 1,99. No grupo estavam os seis iniciais mais Sarah e Thaiz, duas paraibanas que vão morar no mesmo lugar que a Dani e a Isabella. Quando estávamos a comprar nossos bilhetes para o trem, Sarah perguntou pro Emanuel que horas sairia o trem, o que ele respondeu rapidamente: 13h! Ouvindo isso, o atendente da estação se alterou, colocou o rosto para fora da janelinha da bilheteria e falou bem alto: É 12:59!!!!!!
Depois do elucidante esclarecimento fomos esperar pelo pontual trem.
Figueira da Foz tem uma praia meio sem graça pra nordestinos. Areial enorme sem crepes, sem peixinho, sem uma cervejinha ou um coco...
Mas a cidade é bem linda. Prédios antigos e modernos muito bonitos. Depois da frustração da praia fomos conhecer o Museu. Muito legal! Tava tendo uma homenagem no auditório do lado pra alguma personalidade. Teve um coral de portugueses e portuguesas caracterizados. A última música foi um brinde. O refrão era "BEBER, BEBER, BEBEEEER"... Bem convidativo.
Depois a ideia era ir pro Casino. O problema é que não era permitida a entrada de bermuda e chinelo lá. Nelso...
Voltamos pra Coimbra...

Ignis in Cauda II

As pessoas se formam, passam no teste da OAB, decidem fazer um mestrado e seguem suas vidas, porém os personagens dos enredos mais pitorescos são os mesmos. Cinco membros da turma Ignis boni Iuris foram para Coimbra fazer mestrado (Arthur, Berto Igor, Daniela, Emanuel e Isabella) com a presença ilustre no grupo de Yuri, membro da Ordem do Pentagrama do Poder, da qual fazem parte Arthur e Berto.
Eis que chega ao Aeroporto Internacional de Fortakeza-CE para o embarque, com a (im)pontualidade habitual, Emanuel acompanhado de toda a família. Devia ter umas 5 gerações da família Severino se despedindo do febril gordinho. Isso mesmo, ele estava com febre de 39 graus quando foi pegar o voo. Tranquilo em épocas de gripe suína. Antes de entrar na sala de embarque sua avó pegou em minha mão e disse: "Cuida dele!" Ela devia estar adivinhando...
Imigração em Lisboa, carimbo de passaportes e novo embarque. Conexão pra Porto. O porquê? Não sei... Chegando em Porto pegamos as mil malas. Agora entram em ação os estivadores Berto e Yuri a levar as malas das garotas, que apesar de serem magrinhas têm umas malas bem densas. Do Aeroporto do Porto pegamos metrô (de graça, ufa) até a estação de Campanhã, de lá fomos atrás de passagens de trem (alfa pendular) para Coimbra. Tudo carregando mil malas. Ocorre que para pegar o trem com destino a Coimbra teríamos que atravessar para o outro lado da estação por uma passagem subterrânea. A hora da partida do trem estava próxima. Professor Berto estava a esperar o elevador, quando o Emanuel diz: vamos de escada rolante, é mais rápido. Fui na frente, porque eu queria ver se ligava pro Brasil ainda antes de partir no trem. Desci com minha mala. O Emanuel vinha logo atrás com duas malas proporcionais a seu tamanho, no entanto, ele, cordialmente, deu passagem para três senhoras, uma na casa dos 80 anos, outra na casa dos 70 anos e uma que devia ter uns 50 anos, que alegremente comentavam: "Hoje vamos comer um bacalhau em Braga!!!". Quando cheguei ao andar inferior ouvi um barulho, a cena era a de uma mala gigante descendo a escada rolante como se fosse um escorrega bunda e atingindo as três velhinhas como se fossem pinos de boliche. Strike!!! E eu a assistir tudo ali na minha frente. Saldo: uma mala espatifada na escada rolante e três senhoras que eu ajudava a se levantar juntamente com o segurança da estação, que a princípio parecia querer prender todo mundo ali por tentativa de homicídio a velhinhas apreciadoras de bacalhau. Segundos depois descia o nunca antes tão alvo e assustado Emanuel a pedir desculpas. Depois de socorrer as velhinhas e delas chingarem de todo jeito em um português não entendível por brasileiros, porém de forma elegante, afinal eram senhoras, tinhamos que resolver como levar a espatifada mala do Emanuel e seus pertences que se espalharam. O restante do grupo, que tinha ficado esperando o elevador, já estava se acomodando no trem alfa pendular. Decidimos levar de qualquer jeito. O febril Emanuel foi carregando nos braços como um bebê (bem pesadinho) sua mala quebrada, enquanto eu carregarra a minha, a outra mala dele e um saco da "Vila Romana" com as coisas que o Emanuel nao tinha conseguido enfiar de volta na mala. E lá fomos nós correndo pra não perder o trem bala... Não perdemos.
Quando chegamos em Coimbra foi anunciado na rádio que a mulher de J. J. Canotinho, bem como sua cunhada e sua filha haviam sido atropeladas por uma mala voadora em Porto, mas que já passavam bem...
Vou reativar esse blog nunca antes realmente ativo. Não tenho intenção de fazer dele um diário, mas como eu passei uma semana sem maiores contatos por estar sem computador vou me aproveitar dele pra contar algumas coisas que se passaram por aqui...
Cruzamos o Atlântico, num caminho inverso ao dos portuguêses, deixando família, namorada, amigos, trabalho e tudo mais pelo Brasil.
Fernando Pessoa não imaginaria isso quando assim escreveu:

"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma nao é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu."

Dizem que a última frase de Pessoa foi: "I know not what tomorrow will bring... "
Pessoa, vou te contar: alguns anos após, um grupo de piauieneses, numa aeronave portuguesa, vão ao velho continente, não por mar, mas pelos ares. O Atlântico os espelhou por pouco menos de sete horas entre algumas estrelas, que desapareciam aos poucos no caminho leste, enquanto a noite passava...
Quando chegam, o sistema de som da aeronave toca uma música de Caetano Veloso numa versão de uma cantora portuguesa... E então Pessoa, o que acha disso tudo?