domingo, 1 de agosto de 2010

Viajar?



Adoro viajar. E com certeza uma das melhores coisas de ter morado esse tempo fora foi poder viajar pra muitos lugares, conhecer pessoas de outros países e culturas.
Hoje me deparei com uma poesia de Fernando Pessoa que ainda não conhecia sobre viajar:
"
Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação
para estação,
no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as
praças,
sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como,
afinal, as
paisagens são.

Se imagino, vejo. Que mais faço eu se viajo? Só a fraqueza extrema da
imaginação justifica
que se tenha que deslocar para sentir.

"Qualquer estrada, esta mesma estrada de Entepfuhl, te levará até ao fim do
mundo".
Mas o fim do mundo, desde que o mundo se consumou dando-lhe a volta, é o
mesmo Entepfuhl de onde se partiu. Na realidade, o fim do mundo, como o
principio, é o nosso conceito do mundo.
É em nós que as paisagens tem paisagem. Por isso, se as imagino, as crio;
se as crio, são; se são, vejo-as como ás outras. Para que viajar? Em Madrid,
em Berlim, na Pérsia, na China, nos Pólos ambos, onde estaria eu senão em
mim mesmo, e no tipo e gênero das minhas sensações?

A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não
é o que vemos, senão o que somos.
"

Pra que viajar então, Pessoa? Como você bem disse a viagem é o viajante, o que vemos é o que somos. Viajar, porém, não é uma fraqueza de imaginação, é, portanto, autoconhecimento. Viajando descobrimos quem somos. Construímos o nosso ser.
Não contei aqui sobre minhas últimas viagens pelo velho continente. Talvez um dia eu conte. Esses dias viajei pelo Piauí, fui pra Amarante. Agora em Agosto vou pra Brasília. Depois disso vou ter que me aquetar na minha Teresina. Mas espero que por pouco tempo, porque ainda tenho um mundo a conhecer e assim me conhecer e me construir, seguindo o comboio do meu destino...