segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Ignis in Cauda II

As pessoas se formam, passam no teste da OAB, decidem fazer um mestrado e seguem suas vidas, porém os personagens dos enredos mais pitorescos são os mesmos. Cinco membros da turma Ignis boni Iuris foram para Coimbra fazer mestrado (Arthur, Berto Igor, Daniela, Emanuel e Isabella) com a presença ilustre no grupo de Yuri, membro da Ordem do Pentagrama do Poder, da qual fazem parte Arthur e Berto.
Eis que chega ao Aeroporto Internacional de Fortakeza-CE para o embarque, com a (im)pontualidade habitual, Emanuel acompanhado de toda a família. Devia ter umas 5 gerações da família Severino se despedindo do febril gordinho. Isso mesmo, ele estava com febre de 39 graus quando foi pegar o voo. Tranquilo em épocas de gripe suína. Antes de entrar na sala de embarque sua avó pegou em minha mão e disse: "Cuida dele!" Ela devia estar adivinhando...
Imigração em Lisboa, carimbo de passaportes e novo embarque. Conexão pra Porto. O porquê? Não sei... Chegando em Porto pegamos as mil malas. Agora entram em ação os estivadores Berto e Yuri a levar as malas das garotas, que apesar de serem magrinhas têm umas malas bem densas. Do Aeroporto do Porto pegamos metrô (de graça, ufa) até a estação de Campanhã, de lá fomos atrás de passagens de trem (alfa pendular) para Coimbra. Tudo carregando mil malas. Ocorre que para pegar o trem com destino a Coimbra teríamos que atravessar para o outro lado da estação por uma passagem subterrânea. A hora da partida do trem estava próxima. Professor Berto estava a esperar o elevador, quando o Emanuel diz: vamos de escada rolante, é mais rápido. Fui na frente, porque eu queria ver se ligava pro Brasil ainda antes de partir no trem. Desci com minha mala. O Emanuel vinha logo atrás com duas malas proporcionais a seu tamanho, no entanto, ele, cordialmente, deu passagem para três senhoras, uma na casa dos 80 anos, outra na casa dos 70 anos e uma que devia ter uns 50 anos, que alegremente comentavam: "Hoje vamos comer um bacalhau em Braga!!!". Quando cheguei ao andar inferior ouvi um barulho, a cena era a de uma mala gigante descendo a escada rolante como se fosse um escorrega bunda e atingindo as três velhinhas como se fossem pinos de boliche. Strike!!! E eu a assistir tudo ali na minha frente. Saldo: uma mala espatifada na escada rolante e três senhoras que eu ajudava a se levantar juntamente com o segurança da estação, que a princípio parecia querer prender todo mundo ali por tentativa de homicídio a velhinhas apreciadoras de bacalhau. Segundos depois descia o nunca antes tão alvo e assustado Emanuel a pedir desculpas. Depois de socorrer as velhinhas e delas chingarem de todo jeito em um português não entendível por brasileiros, porém de forma elegante, afinal eram senhoras, tinhamos que resolver como levar a espatifada mala do Emanuel e seus pertences que se espalharam. O restante do grupo, que tinha ficado esperando o elevador, já estava se acomodando no trem alfa pendular. Decidimos levar de qualquer jeito. O febril Emanuel foi carregando nos braços como um bebê (bem pesadinho) sua mala quebrada, enquanto eu carregarra a minha, a outra mala dele e um saco da "Vila Romana" com as coisas que o Emanuel nao tinha conseguido enfiar de volta na mala. E lá fomos nós correndo pra não perder o trem bala... Não perdemos.
Quando chegamos em Coimbra foi anunciado na rádio que a mulher de J. J. Canotinho, bem como sua cunhada e sua filha haviam sido atropeladas por uma mala voadora em Porto, mas que já passavam bem...

4 comentários:

Unknown disse...

foi exatamente assim que aconteceu...

eu não tava conseguindo me segurar em pé de tão nervoso, por conta da m... proeza que consegui fazer!

Continue os relatos Arthur! Brilhante.

Berto Igor disse...

o melhor comentario sobre o acontecido é "sem comentários"

Fred disse...

perfeito!!

Jonhes Campos disse...

Estou de pé vendo uma cena digna de "baseado em fatos reais". O bom é que dá pra fazer diversas experiências desse naipe justamente num ambiente em que não se conhece e hoje dá pra subir o vídeo mais rápido do que se imagina. Merece um Oscar Awards de roteiro bem escrito.