domingo, 26 de setembro de 2010

Tempo

"Se eu aprendi alguma coisa na prisão, foi que dinheiro não é a coisa mais importante na vida... O tempo é!" Gordon Gekko
Acabei de assistir ao filme "Wall Street: Money never sleeps". 127 minutos. 8 reais (meia entrada). "Tempo é dinheiro". Quanto vale cada segundo que passo escrevendo aqui?
Para além dessa análise econômica do tempo, sem esquecê-la totalmente, se o tempo é a coisa mais importante da vida, eu aproveito bem o meu tempo? Eu aproveito bem a minha vida?
Horas de sono, no trânsito, no trabalho, navegando na internet, conversando no msn, caminhando na Raul Lopes, assistindo a um jogo de futebol, lendo um livro de direito, na fisioterapia, jogando bola, na companhia de uma mulher...
Estou dando a importância devida em minha vida ao tempo? Outro dia me questionei:
"Segue a vida uma linha que pode ser escrita na palma de uma mão? Percorre um ciclo que se renova a cada giro? O tempo passa em oscilações do pêndulo e transforma o ser. Uma experiência nova é capaz de mudar a existência e a própria percepção de tudo que já passou. Embora a Terra insista em sua translação em busca do início da jornada, o universo continua em expansão." A linha do tempo seria mais um espiral...
***
Ontem li a notícia de que o relógio da Praça Rio Branco em Teresina voltou a funcionar. Já fiz um post aqui sobre os relógios símbolos das cidades de Londres e Coimbra. Esse relógio de Teresina não é bem um símbolo da cidade. Mas eu achava bem simbólico ter um grande relógio de uma praça do centro parado. A prefeitura recuperou o relógio em um projeto de revitalização do centro da cidade. Um resgate ao passado voltar a contar o tempo. O tempo não está parado em Teresina, a cidade vive e cresce.
***
Boa noite... Vou tentar aproveitar melhor meu tempo e viver bem.

domingo, 1 de agosto de 2010

Viajar?



Adoro viajar. E com certeza uma das melhores coisas de ter morado esse tempo fora foi poder viajar pra muitos lugares, conhecer pessoas de outros países e culturas.
Hoje me deparei com uma poesia de Fernando Pessoa que ainda não conhecia sobre viajar:
"
Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação
para estação,
no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as
praças,
sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como,
afinal, as
paisagens são.

Se imagino, vejo. Que mais faço eu se viajo? Só a fraqueza extrema da
imaginação justifica
que se tenha que deslocar para sentir.

"Qualquer estrada, esta mesma estrada de Entepfuhl, te levará até ao fim do
mundo".
Mas o fim do mundo, desde que o mundo se consumou dando-lhe a volta, é o
mesmo Entepfuhl de onde se partiu. Na realidade, o fim do mundo, como o
principio, é o nosso conceito do mundo.
É em nós que as paisagens tem paisagem. Por isso, se as imagino, as crio;
se as crio, são; se são, vejo-as como ás outras. Para que viajar? Em Madrid,
em Berlim, na Pérsia, na China, nos Pólos ambos, onde estaria eu senão em
mim mesmo, e no tipo e gênero das minhas sensações?

A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não
é o que vemos, senão o que somos.
"

Pra que viajar então, Pessoa? Como você bem disse a viagem é o viajante, o que vemos é o que somos. Viajar, porém, não é uma fraqueza de imaginação, é, portanto, autoconhecimento. Viajando descobrimos quem somos. Construímos o nosso ser.
Não contei aqui sobre minhas últimas viagens pelo velho continente. Talvez um dia eu conte. Esses dias viajei pelo Piauí, fui pra Amarante. Agora em Agosto vou pra Brasília. Depois disso vou ter que me aquetar na minha Teresina. Mas espero que por pouco tempo, porque ainda tenho um mundo a conhecer e assim me conhecer e me construir, seguindo o comboio do meu destino...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O reencontro

Abandonei o blog, admito. Muita coisa aconteceu desde que deixei de aqui escrever. Muitas despedidas, viagens...
E agora já estou em casa. Teresina, minha terra natal, onde estão minhas raízes. E foi estranho acordar a primeira vez no meu quarto depois de uma longa viagem de regresso, depois de tanto tempo. Olhei para a parede e não sabia onde eu estava. Demorei pra me localizar no tempo e espaço.
Uma maravilha estar de novo nos braços da família. Reencontrar os amigos. Rever os cenários que fizeram parte dos meus vinte e tantos anos de vida.
Por momentos tive uma sensação de que passei apenas um fim de semana fora. As coisas permanecem como as deixei. Em outros, vejo tudo bem diferentes. Mas, na verdade, o que mais mudou foi eu.
Voltei uma outra pessoa. E aos poucos estou tentando me achar na minha velha nova realidade. Há cinco anos atrás eu não imaginaria fazer tudo que fiz. E os últimos dez meses passaram como uma vida.
Já sinto saudades dos amigos que fiz em Coimbra. Da minha vidinha estudantil. Agora se incia mais um ciclo. Dissertação. E o futuro...
"Existirmos: a que será que se destina?"

domingo, 30 de maio de 2010

Admirável ciclo...


Depois de dormir tarde preparando a apresentação e acordar cedíssimo para viajar e chegar pontualmente no horário combinado para não desapontar o "germânico" doutor, estávamos todos reunidos na quinta de Gomes Canotilho, em sua terra natal - Pinhel -, junto a sua família, suas videiras, parreiras, em sua casa decorada por quadros brasileiros e de um filho de seu primo, cujo nome era o mesmo do Constitucionalista, mas que ele nunca chegou a conhecer.
O encontro foi marcado por várias despedidas. Foi minha última "aula" do curso de mestrado do último curso de mestrado do Dr. Canotilho na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
E nós trabalhamos. Por três horas mais ou menos discutimos três temas que três grupos apresentaram. Eu fui o último a falar. Meu grupo tratou da execução dos julgados da Corte Europeia dos Direitos do Homem. O doutor escolheu fechar o curso de mestrado discutindo questões processuais, o tema que o abriu. E escolheu encerrar essa fase de sua vida no local onde ela iniciou. Como num ciclo, como lembrou Emanuel, o personagem do meu primeiro post do blog em terras lusas.

Após o trabalho, o almoço. E que almoço! Um bacalhau maravilhoso. E aí descobrimos também o vinho de Pinhel. A pequena cidade chegou a ser considerada a 3ª maior região produtora de vinhos de Portugal, contou o doutor. Então, veio a primeira surpresa. O doutor nos levou para conhecer a Adega Cooperativa de Pinhel. Ele é o presidente da Assembleia da Cooperativa, que reúne mais de mil produtores. E presenteou cada um com uma garrafa de vinho que leva o nome de J. J. Gomes Canotilho e tem no rótulo a reprodução da pintura de seu homônimo que está pendurada na parede de sua casa.
Depois do vinho, a cidade. Percorremos as ruelas de Pinhel com um guia que ao tempo que contava a história de sua terra natal, contava a sua própria história. Peraltices de um Canotilho criança foram reveladas durante o passeio.

Retornamos a sua casa e então se deu a segunda surpresa. Ganhamos a prenda "Admirar os Outros". "Um livro sem o ser" disse Ana Maria, mulher do doutor no aviso aos leitores. O livro nem sequer está à venda nas livrarias, só existem 500 exemplares dele. Se trata de "uma iniciativa familiar, com a colaboração e cumplicidade de alguns amigos, que permitiu a produção dessa obra", que reúne textos dispersos e até perdidos de Canotilho, que darão "a conhecer aos leitores uma faceta do autor que é, em meu entender [de Ana, a mulher], a sua grande capacidade de admirar os outros".
Aprender a admirar os outros, uma lição que o doutor deixou para ensinar na última aula, fora da Academia. Admirável escritor, professor, constitucionalista, tantas coisas que esse senhor de sessenta e tantos anos já foi e é, mostrou ainda que também é uma admirável pessoa.

Depois desse momento ímpar, ficou uma saudade antecipada de tudo isso aqui. Estou perto de encerrar um ciclo e vou retornar à minha terra também. Como sangue vou retornar ao coração depois dessa jornada. Mas é bem verdade que no meu coração já existe um Brasil bem maior e até um pouco de Portugal.

sábado, 22 de maio de 2010

SHOW!

"Música é vida interior e quem tem vida interior não padece de solidão"...
Eu sou fascinado por música e quem me conhece sabe que eu adoro ir a um bom show. Viajo horas, pago ingresso caro, mas sempre que posso vou a apresentações que eu gosto. Sempre fiz isso. Sempre gostei disso. E assim coleciono shows maravilhosos que ficam marcados na minha memória. Desde shows no saudoso Palmares, no Noé Mendes, no Atlantic City, no Bohemia, no Churu, no Bueiro do Rock e tantos lugares de minha querida Teresina... Acompanhei bandas locais de vários estilos e tive ainda a oportunidade de assistir a bons show de bandas/artistas nacionais em minha cidade natal. Los Hermanos, Engenheiros do Hawaii, Skank, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Zeca Baleiro, Nando Reis, Arnaldo Antunes, Titãs, Angra, Shaman, Matanza e tantos outros(as)... Todos com boas histórias...
Em São Paulo pude aproveitar Paradise Lost (viajei pra Santo André, onde foi o show), Orquestra Imperial (e Municipal também no Teatro =P) e o grande show do Roger Waters!!! Recordo também de ter assistido a uma virada cultural, lembro do show da pernambucana Cordel do Fogo Encantado em plena praça da Sé. Na metrópole, tive apenas uma frustração: cancelaram o show de Anathema; foi um duro golpe.
No Recife eu fui assistir ao Iron Maiden. Viajei 14h num ônibus fretado por headbangers de Teresina pra ir ao show.
Na Cidade Maravilhosa eu pude assistir a um dos melhores shows da minha vida: Radiohead, com direito a abertura de Kraftwerk e Los Hermanos. E com direito também à companhia de Caetano Veloso na platéia heuhe.
Festivais legais também fui no Brasil. Na primeira edição de Pedro II tive oportunidade de ver Sivuca. Em Guaramiranga (fui duas vezes ao Festival de Jazz e Blues que acontece no período do carnaval) assisti a Jean Jacques Milteau, Ivan Lins, Frères Guissé (do Senegal), Hamilton de Holanda, Badi Assad e outros(as).
Aí vim para Portugal. E nesse pequenino país fica muito mais fácil ir a shows bons que normalmente acontecem no Porto ou em Lisboa. E são muito. Infelizmente, não dá pra ir a tantos, tenho que estudar né, e pagar em euro é complicado. Ano passado fui a Franz Ferdinand e a Prodigy com o carioca. Contei aqui já no blog como foi. Perdi o show de Nouvelle Vague. Teve uma apresentação dessa maravilhosa banda francesa em Coimbra e eu só fiquei sabendo depois, me senti idiota =P. Fui à apresentação da Daniela Mercury e de Shaggy na Queima das Fitas aqui em Coimbra. Essa semana fui ao show do Metallica com o Berto. Que show!!! Ele já contou como foi o show no blog dele, olhem lá.
Essa experiência de morar aqui traz essa, que para mim, é uma grande vantagem. Estamos a beira dos grandes shows mundiais. Queria muito ir a um show do Muse, já perdi o show deles ano passado e acho q vou acabar perdendo de novo o que vai ter no Rock in Rio Lisboa próxima quinta, porque sexta eu apresento um trabalho. Mas domingo, quando eu já estiver livre de minhas aulas, vou poder ir a Lisboa pegar o último dia do festival: Rammstein, Megadeth, Motorhead e Soulfly.
E falando em Festival, comprei meu ingresso pro primeiro dia do GrasPop, na Bélgica. Em uma única noite vou matar a vontade de ir a shows de bandas que ouço desde muito tempo e que gosto imenso: Aerosmith e Anathema. E de quebra vem de brinde: My Dying Bride, Ratt, Slayer, Therion, Sepultura, Tarja e outras... O evento é só dia 25 de junho, eu fico com receio de alimentar minhas expectativas, principalmente pela experiência do show cancelado do Anathema em Sampa, mas já montei meu horário no dia do show heuhe.
14:40 – 15:30 RATT - MAINSTAGE
15:35 – 16:20 ANATHEMA - MARQUEE I
16:25 – 17:25 SLAYER - MAINSTAGE
17:30 – 18:25 THERION - MARQUEE I
18:35 – 19:25 SEPULTURA - METAL DOME
19:35 – 20:35 TARJA - MARQUEE I
20:35 - 22:00 COMER (porque ninguém é de ferro)
22:00 – 23:10 MY DYING BRIDE - MARQUEE I
23:15 – 0:45 AEROSMITH - MAINSTAGE
Espero que dê tudo certo.
E vamos vivendo de música no show da vida...

domingo, 2 de maio de 2010

Mãe!



Hoje é dia das mães em Portugal!
E esse azulejo português é o mais bonito que já vi.
Mãe, somos pequenos, mas temos um Amor enorme um para com o outro. E isso, com certeza, é o que de maior existe nesse mundo.
Nanda, também dedico esse post à minha segunda mãe!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Comer, comer 2

Retomo o tema do post anterior para comentar sobre culinárias que acabei por esquecer de me referir.
A espanhola! Comi uma paella no almoço de páscoa esse ano (foto abaixo). Arroz com açafrão, camarão e tantos mariscos e mais coisas misturadas... Que combinação boa! Hoje almocei na cantina da FDUC e comi uma paella que aqui chamam de arroz a veneziana. Os portugueses nunca diriam estar se deliciando com uma comida espanhola =P

Acho que fui um pouco injusto com a culinária portuguesa. É certo que estamos cansados de comer sempre a mesma coisa nas cantinas, mas temos de reconhecer que Portugal deve ser o país da Europa que melhor se come pelo preço que se paga. Como minha experiência aqui é a de estudante posso falar bem das comidas das cantinas universitárias. O prato social de 2,15€ é uma boa opção, pois inclui sopa, pão, água, prato do dia (peixe, frango ou porco, dependendo da cantina e do dia), fruta ou arroz doce. Os melhores pratos, na minha opinião, são as almôndegas da cantina das sereias (2,90€), o bacalhau com natas da cantina verde (3,70€) e o peru recheado da cantina azul (4,60€).
Como o Berto comentou, o melhor prato que já comemos aqui foi o peixe ao molho de camarão do chef Nelson. Não posso deixar de falar também no macarrão que o Carioca fez pra gente e no frango descabelado que a Alice cozinhou no natal, huum.. Conheci bons chefs aqui.
Mas, retomei esse post também para dizer que na verdade tou com saudade da comida de casa. Luciana, pode ir preparando aí as receitas que vou chegar com fome heuheu.

sábado, 24 de abril de 2010

Comer, comer...


E já que estou na Mc Donald's, que apesar de tudo salva quando não se tem opções interessantes para comer ou elas são muito caras, vou fazer um post temático sobre a culinária que andei provando por aqui.
Portugal é famosa pelo bacalhau. A verdade é que o bacalhau comido em terras lusas é Norueguês. Já comi uns bons até. Destaco o bacalhau com natas. O da cantina verde é muito bom... Mas, o melhor bacalhau que já comi, sem dúvida, foi um na casa da tia Dulce em algum natal.
Em Londres tem comida de todo lugar do mundo. Em Camden Town eu experimentei uma comida tailandesa. Boa até. Comi sushi também perto da Piccadilly, mas não era nada extraordinário. O que mais comi mesmo lá foi fast food. Buguer King e Mc Donald's mais uma vez fazendo seu papel.
Na primeira vez que estive em Paris tive o desprazer de comer um Andouillette AAAAA (foto abaixo). É uma salsicha, que mais parece um pênis, feita com vísceras de porco. Só mesmo os franceses para apreciar isso. Outra coisa que eles gostam muito é de crepe doce, pelo menos isso é bom.

Achei a comida do Marrocos um tanto quanto parecida com a nordestina. Muita carne de carneiro e um tempero forte. Comi lá o Tajine, que na verdade é o nome da panela de barro em que o prato é feito. Pode ser de frango, carne bovina, caprina ou até mesmo um prato vegetariano. Outro prato típico de lá é o couscous, o cuscuz. Não é igual ao nosso, mas gostei. Não sei explicar bem como é. Assim como o tajine, pode ser feito com frango, carne bovina ou caprina ou acompanhar apenas vegetais.


Não tenho muito o que falar da comida da Holanda ou da República Tcheca, porque eu comprei comida no supermercado por lá. Comi até um prato em Praga, cujo nome não lembro, que parecia um assado de panela, mas com um molho doce. Em Berlim eles gostam de salsicha com muito curry. É boazinha.
A verdade é que em qualquer lugar da Europa a melhor opção é a comida italiana. Primeiro porque é relativamente barata. Depois porque você sabe o que vai comer: pizza, lasanha, ou macarrão. Não tem surpresa. E principalmente porque é sempre bom. Em todo lugar tem uma casa de comida italiana, para minha sorte...

Primavera com pais...

Nesse momento estou sentado numa mesa do lado de fora da Mc Donald's utilizando a internet dela e esperando a hora que vai abrir. Espero que seja antes de minhas mãos congelarem...
Acabei de deixar meus pais no aeroporto. Estão indo pra Roma. Eu volto pra Portugal. Meu voo será logo mais, então estou aqui fazendo hora...
Com certeza um dos momentos mais especiais da minha estada aqui no velho continente. Muito bom poder rever as criaturas que me botaram no mundo depois de tanto tempo distante.
Eles chegaram em Portugal no dia do aniversário da mamãe e de casamento deles. Nada melhor então do que comemorar com uma ida a Fátima (finalmente a cidade fez todo o sentido pra mim com a presença deles) e um bolinho depois em Coimbra.
No dia seguinte fomos a Aveiro e a uma casa de fado a noite em Coimbra. Terça foi dia de conhecer a faculdade, almoçar numa cantina da UC e visitar o Mondego.
Quarta eles foram rumo a Porto, enquanto eu assistia aula. E no dia seguinte fomos para Paris. E para quem já a achou bela no inverno é incrível como fica mais bonita ainda na primavera.
Abaixo algumas fotos.


quinta-feira, 15 de abril de 2010

Coming back to [real?] life

Foram quase três semanas de noites mal dormidas. Mas valeu a pena.
A viagem pro Marrocos com direito a fim de semana de Páscoa em Madrid e breve visita a Toledo foi sensacional. Estranho é depois de viajar não voltar pra casa...
E chegar com a incumbência de fazer um paper de uma matéria obrigatória sobre a análise de um Acórdão do Tribunal Constitucional português não foi nada fácil. Pra quem pouco tinha dormido em uma semana de viagem, ainda teria que virar noites para fazer o paper. Eu sequer tinha escolhido o Acórdão. Não gostei de nenhuma das sugestões levadas pela Dra. Benedita. O tema teria que envolver política, direito eleitoral, e poucos são os Acórdãos do TC português sobre isso e a maioria é bem chata. Então foi aquela correria, que infelizmente eu me habituei aqui =P
Apresentei ontem o paper. Não foi uma maravilha, mas gostei. Como me ative estritamente ao tema do Acórdão, sem fazer um paralelo com a realidade brasileira, até porque era um caso peculiar de Portugal, o da decisão, então os meus colegas brasileiros pouco comentaram, em compensação a Dra. Benedita estava inspirada e quase não deixava a gente sair pro almoço...
Depois da apresentação fiquei bem aliviado. Já foi o Canotilho, já foi a Benedita, agora é mais tranquilo... Segunda-feira papai e mamãe tão chegando aqui =)
Logo mais comento algo sobre impressões do Marrocos e de outros lugares por onde andei...
Fotos do kit paper: livros, notebook, coca-cola...

sábado, 27 de março de 2010

Going to Sahara

"Venho de um lugar
onde sempre se vê
uma caravana passar
vão cortar sua orelha [mudaram essa parte na versão do dvd, tsc tsc]
pra mostrar pra você
como é bárbaro o nosso lar.

Sopram ventos do leste
e o sol vem do oeste
seu camelo quer descansar.
Pode vir e pular
no tapete voar
noite árabe vai chegar.

A noite da Arábia
e o dia também
é sempre tão quente
que faz com que a gente
se sinta tão bem.
Tem um belo luar
e orgias demais.
Quem se distrair
pode até cair
ficar para trás."
(Noites da Arábia - Aladdin)

Não vai ser a Arábia. Não vai ser Agrabah ("cidade de mistérios, encantamentos..."). Mas vai ser em um país de língua árabe, no qual a etnia árabe representa 70% da população (segundo a wikipédia). Isso mesmo... Vou passar a semana santa em um país cuja população é 99% muçulmana (segundo a wikipédia também), o Marrocos, com direito a passeio pelo deserto do Saara...

***
Acordei com "Noites da Arábia" na minha cabeça. E cantando pra mim mesmo percebi algo curioso na letra: "o sol vem do oeste". Como assim? Ou já era tarde quando fizeram essa letra ou havia algo de errado com os pontos cardeais. Não era pro sol vir do leste? Não. A primeira alternativa é a correta. Preste atenção, a música é NOITES da Arábia. Na letra original em inglês fica mais claro que se trata do anoitecer ("WHEN the wind's from the east and the sun's from the west and the sand in the glass is right" [ampunheta]). A confusão se deu por causa da tradução. Mas sabe... hoje meu sol nasceu no Oeste. Curiosamente, Marrocos, segundo um site de turismo, significa a "Terra do sol poente".

quarta-feira, 10 de março de 2010

Mudança

Como eu disse no post anterior, nós (eu, Berto e Yuri) nos mudamos e foi esse o motivo de eu ter passado esse tempo sem postar nenhuma novidade aqui, pois não temos internet ainda na nossa nova morada (espero que por pouco tempo).
O processo de mudança foi meio conturbado. Isso porque nossa Senhoria não encarou muito bem nossa decisão de sair da casa de hóspedes dela. Mas, numa noite chuvosa de domingo, aproveitando que o Yuri tinha alugado dois carros (eu estava dirigindo o outro) para viajar com suas tias que estavam em Coimbra visitando-o, nos mudamos.
Toda mudança nos leva a uma reflexão. Juntar todas as minhas coisas, meu pequeno mundinho coimbrão, e colocar em malas e mochilas foi como fazer uma retrospectiva. Organizei cinco meses de experiências e transportei para uma casa nova.
Tudo coincidiu com o inicio do novo período de aulas. Uma "ressaca" pós viagem pelo inverno europeu marcada por re-encontros e despedidas. O novo projeto de ser saudável, comendo melhor e fazendo academia...
Aquele domingo chuvoso foi um marco. Se por um lado fiz uma avaliação de tudo que eu vivi por aqui. O tanto que eu perdi longe de casa e de pessoas que amo. O tanto que eu ganhei conhecendo, aprendendo... De outro lado tive a certeza de que sempre podemos mudar um pouco e mudar buscando sermos melhores.
"Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena."
Voltei ao ponto de partida.
Sou pequeno de corpo e alma, mas sei que valeu e valerá muito a pena.
Continuarei minha jornada. Terça-feira já tem apresentação na aula do Canotilho, vamos nessa.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Depois de uma boa viagem pelo inverno europeu estou prestes a iniciar o novo semestre de aulas do mestrado e com novos projetos e pensando também em mudança de lar.
O general do Bope, prof. Berto, nos levou para academia. Já iniciei a musculação. Projeto Arthur 2010 de pé, verão sarado heuheue.
A ideia de mudança de morada partiu também do prof. Berto que pesquisou enquanto eu e o Yuri estávamos viajando. Encontramos uma interessante, está terminando a reforma e vai ficar tudo novinho. Os quarto são menores e não teríamos uma empregada pra limpar a casa e a louça, mas ganharíamos em ter uma cozinha, uma varandinha e não dividiríamos andar com portugueses implicantes, sem falar na possibilidade de reduzir os gastos.
Quanto às aulas o projeto é não deixar papers pro final do período e nem deixar pra terminá-los no último dia do prazo hueheu. Tirei boas notas até agora. Então é continuar nessa balada, melhorar o que foi questionado e fazer um bom semestre pra já voltar pro Brasil com a base da tese.
Sobre a viagem por aqui eu conto nos próximos posts as impressões sobre os lugares por onde andei.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sorte?

Eu já me dei conta que tenho uma tendência ao drama. Ontem era o prazo final de entrega do paper do Canotilho. Ontem de tarde eu ainda estava fazendo o bendito paper.
Deveria entregar o trabalho na sala de serviços acadêmicos, que fecha às 17:30h. 17:20h eu estava terminando de colocar a bibliografia. Cinco minutos depois saí como um foguete rumo a uma gráfica para imprimir o trabalho. Na primeira estava tudo lotado, fui a uma segunda, identificaram um vírus no pendrive. O arquivo não abriu. Liguei pro Berto pra ele salvar meu trabalho no pendrive dele que eu ia voltar pra casa para pegar. Ainda tentei ver se meu pendrive funcionava em uma terceira gráfica, mas não deu mesmo. Voltei pra casa e tome ladeira. Peguei o pendrive do Berto. Corri para a gráfica de novo. Lotada. Nisso eu já estava inquieto, andando de um lado para o outro e sem fôlego depois da corrida morro acima. A mulher do dono da gráfica, percebendo minha inquietação, falou com ele, a portuguesa que estava na minha frente não tinha pressa e deixou eu imprimir primeiro. Ainda assim tive que esperar uns 10 min. Saí da gráfica com o paper nas mãos quando já passava das 18h. E a sala de serviços acadêmicos? Não fechava às 17:30h? Sim. Depois de subir as monumentais me deparei com a sala fechada.
Dei a volta e fui rumo a sala de uma Adriana (nem sei se é mesmo esse o nome). Ela, creio eu, toma de conta das coisas do Canotilho. Quando cheguei, a sala dela estava com a porta aberta. Por sorte estavam dentro dois brasileiros. Por sorte eu conhecia um deles, o Gustavo, faz mestrado comigo. Por sorte o outro era amigo da Adriana e ontem apresentou sua tese de mestrado. Por sorte eles estavam em uma animada conversa sobre viagens na Europa, shows e cafezinho no dia seguinte. Por sorte a Adriana estava animada e de ótimo humor com os brasileiros. Eles se foram e eu fui perguntar se ela podia receber meu trabalho. E ela disse que eu tinha sorte de ela ainda estar lá (normalmente ela não estaria naquele horário) e depois de dizer que o correto seria eu entregar o trabalho nos serviços acadêmicos ela o recebeu mesmo assim. Ufa!
Bem...próximo período eu juro que tento terminar meus trabalhos com antecedência e que eu dou um jeito nesse fucking pendrive. Não quero mais abusar da sorte.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Relógio

Me dei conta de uma coisa em comum em Londres e Coimbra. O maior símbolo das duas cidades é uma torre com um enorme relógio. Obviamente são bem diferentes, mas achei curioso isso. Essa obsessão por contar o tempo... Me identifico. Dá pra se notar pelo nome desse blog e pela imagem do calendário Asteca ao lado.
Big Ben, na verdade é o nome do sino instalado no Clock Tower do Palácio de Westminster (Houses of Parlament). E tem esse nome em homenagem a sir Benjamin Hall, que era alto e corpulento. Mas prefiro a ideia de chamar a grande torre com seu preciso relógio de Big Ben e associar o nome ao início do Universo.
A Torre da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra também tem um certo charme, apesar da aparência de velha. Será que o tempo por aqui passa mais rápido? Talvez só envelhecemos mais rapidamente...
Já me acostumei com o sino da Torre da FDUC tocando enquanto tentamos assistir aula. Só não me acostumo com o ritual macabro de tocar o sino ininterruptamente quando algum membro ou ex-membro da Universidade morre.
Um, em seu nome, lembra o início do Universo, outro homenageia aqueles que já foram. Ambos contam o tempo. E eu não sei dizer se está passando tudo bem rápido ou devagar.
Mas para homenagear esses famosos relógios um dia vou tomar um vinho escutando:
...
"Detém as horas relógio
Pois minha vida se apaga
Ela é a luz que ilumina meu ser
Eu sem seu amor não sou nada"
...(Relógio - Altemar Dutra) (PS: essa música me lembra a mamãe porque sempre que toca ela diz que o vovô gostava muito de ouvi-la)

Ou então volto a criança e canto:
"Passa, tempo, tic-tac
Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia" (O Relógio - Vinicius de Moraes)

Enquanto esse dia não chega eu vou ouvindo Time do Pink Floyd.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

2010

Sempre preferi os anos pares. Não que desgoste dos ímpares, mas os pares são mais interessantes. 2009 foi um ano sensacional. Incrível como aconteceu tanta coisa em um único ano. Muitas emoções, muitas mudanças.
E 2010? Eita... 2010 ainda me reserva muita coisa. Um mundo a conhecer, muita coisa a aprender... É ano de copa do mundo, de centenário do Corinthians, do meu re-encontro com o Brasil... Vai acontecer muita coisa. Então vamos... Que seja mais um excelente ano par...

sábado, 2 de janeiro de 2010

O que foi Londres?

Cheguei ontem de viagem. Finalmente conheci a Europa. E gostei muito. Foram bons os dias em Londres. É certo que por alguns instantes eu cheguei a pensar que queria era estar no Brasil com as pessoas que eu deixei por lá, mas o reveillon foi mágico e eu agradeci muito por ter tido a oportunidade de viver o que vivi na Inglaterra e com as pessoas que me acompanharam.
Foram muitas coisas que conheci e muita coisa aconteceu. Nem sei o que dizer. Saí com uma certeza: ainda volto lá.
***
Parei pra pensar no que foi Londres.
Foi passar por milhões de pessoas de todo lugar do mundo. Foi comer comida tailandesa. Foi ver construções centenárias magníficas de uma época que a Inglaterra foi a maior potência mundial. Foi dividir um quarto de albergue e dormir num colchão horrível. Foi estar no país onde surgiram muitas de minhas bandas preferidas. Foi visitar um Castelo e ver toda uma tradição monarquista que ainda está em pleno funcionamento. Foi ir a um Pub típico de um filme do Tarantino. Foi ficar maravilhado com a neve caindo logo após os fogos do reveillon e do abraço de feliz ano novo com meus queridos amigos de Coimbra e tantos brasileiros, argentinos, turcos que conhecemos na virada do ano. Foi morrer de frio mesmo debaixo de um bom casaco, enquanto mulheres desfilavam vestidas apenas com uma micro saia e uma blusinha. Foi andar de metrô, ver uma mulher passando mal dentro e uma negona do lado olhando feliz e dizendo: "This is London".
Bem...foi muita coisa.